sexta-feira, 3 de agosto de 2012

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DIÁRIO DE BORDO


29/07/2012 – Concepção de Iluminação e Sonoplastia de “O Touro Branco”


            Terminamos a concepção da iluminação e da sonoplastia do espetáculo; como já dissemos, eu em diário de bordo e os atores em suas partilhas da semana passada, ter esse enquadramento pronto fez com que alguns pontos positivos do espetáculo se tornassem mais visíveis, enquanto, no sentido inverso, as necessidades de trabalho também se evidenciaram.
            As cenas iniciam o processo de tomar corpo e de sair da categoria de esqueleto do espetáculo. Os atores começam, ao que parece, a entender o registro das cenas. Aos poucos eles vão se apropriando do espetáculo e fazendo propostas realmente interessantes que vão além das minhas próprias proposições.
            As pesquisas em relação ao trabalho corporal assumem outro patamar no nosso percurso: deixamos de fazer um trabalho dito mais técnico e entramos efetivamente no “artístico” do treinamento, inclusive no que se refere às cenas. Todo o trabalho do grupo tem alternado entre um e outro momento, mutuamente influenciados; entretanto, ainda que o foco não esteja tão intensamente na pesquisa mais técnica, dois pontos precisam ser ressaltados:
1 – O trabalho vocal que estamos realizando mostra-se bastante eficiente no que se refere às materialidades do Welinton;
2 – A pesquisa corporal produz mudanças radicais na materialidade corporal e de intervenção espaço-temporal no trabalho do Elton.
            Agora, quando voltamos a olhar mais para os trabalhos com cenas, pude perceber a diferença de registro do corpo do Elton e a qualidade vocal que vem se construindo no trabalho do Welinton. Esses dois pontos são significativos, já que estamos cada vez mais associando a criação e o treinamento. A ponto de, em vários momentos, o treinamento ser a própria criação.
            Quanto à pesquisa estética que estamos realizando com as materialidades, uma cena merece atenção especial: a Tourada! São três combinações de materialidades, como se fossem três distintos núcleos de cena, que, cada um, a partir de determinadas fricções, gera, em relação ao todo, um envolvimento sensível que é difícil de descrever, mas qualitativamente interessante e instigador enquanto pesquisa.
            Não há nenhuma significação pensada a priori: existe um canto, uma brincadeira com um tecido e uma carta sendo escrita. Três ações que combinadas estabelecem uma tensão para a cena que efetivamente não está em nenhuma das três ações ou dos quatro atores, tampouco na luz ou na sonoplastia; está em tudo, entre tudo. Fiquei impressionado ao ver essa cena no ensaio passado e tenho repensado todo o espetáculo a partir desse trabalho com as materialidades, que já está no cerne da pesquisa, mas que ao resultar tão positivamente e de certa forma tão palpável, me impulsiona a revisitar o espetáculo com esse olhar a partir do próximo encontro. De alguma forma tenho pensado, nesse sentido, o espetáculo como danças individuais em fluxo contínuo que juntas produzem o espetáculo, porque se afetam mutuamente, porque se friccionam, porque são pressionadas e pressionam, porque são capazes de estabelecer as tensões de cada jogo de cena!




PARTILHA

ENCONTRO DO DIA 29 DE JULHO DE 2012


Jeziel Santana - Ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Escolhemos alguns caminhos para a nossa pesquisa em busca de um corpo que chamamos de “atenso”; podemos citar as torções e a vertigem, entre outros. Para o Touro Branco, a pesquisa tem se baseado bastante na fluidez dos movimentos “dançados” sem esquecer os já aqui citados, que inclusive estão em cena, por isso o Juliano tem se preocupado em fazer aquecimentos onde possamos pesquisar movimentos possíveis para as cenas, através da dança. O aquecimento deste ensaio, depois de uma breve parada, foi intenso e com resultados positivos. A abertura para um momento em verbalizar as percepções dos colegas é um exercício e foi necessário para autoconhecimento e aguçar a percepção de grupo.
Finalizar a marcação de toda iluminação dá mais corpo, além de nos apropriarmos mais em todos os aspectos do espetáculo; começa a chegar a sensação de que realmente faltam apenas os detalhes para que seja visto por outras pessoas.
Fiquei muito feliz em ver a evolução do Welinton nos exercícios vocais, saber que cada um começa a superar as dificuldades individuais dando mais força ao trabalho coletivo.
Diferente do que havia falado em uma partilha anterior as imagens já têm presença garantida em o Touro Branco. Uma cena em que há uma dança com o tecido (uma das minhas preferidas) a energia que se instaura na cena chega a ser hipnotizante digo com um olhar de dentro da cena, acredito que não é diferente para quem a assiste.
As pesquisas ainda continuam. Será que a fluência e a precisão dos movimentos/espetáculo virão por meio da prática?


Welinton Machado - Ator do Eu-Outro Nucleo de Pesquisa Cênica
Antes de começarmos a ensaiar o Touro, fizemos alguns aquecimentos com danças e alongamentos. Acho esses exercícios de extrema importância, pois no decorrer deles consigo encontrar movimentos que podem ser utilizados no espetáculo, sem contar o prazer pessoal. A conversa que tivemos depois do exercício também foi muito válida, é sempre bom ouvir a opinião do outro sobre o seu desempenho, isso me fez pensar em algumas coisas.
Terminamos de marcar a luz do espetáculo, incrível como isso nos mostra outras possibilidades em cena, embora só tenhamos marcado a luz e não passado com ela ainda. E com isso, mais uma vez podemos ver o nosso jogo com o espaço, a luz, o som e o outro.

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