29/07/2012 – Concepção de Iluminação e Sonoplastia de “O Touro Branco”
Terminamos a concepção da iluminação
e da sonoplastia do espetáculo; como já dissemos, eu em diário de bordo e os
atores em suas partilhas da semana passada, ter esse enquadramento pronto fez
com que alguns pontos positivos do espetáculo se tornassem mais visíveis,
enquanto, no sentido inverso, as necessidades de trabalho também se
evidenciaram.
As cenas iniciam o processo de tomar
corpo e de sair da categoria de esqueleto do espetáculo. Os atores começam, ao
que parece, a entender o registro das cenas. Aos poucos eles vão se apropriando
do espetáculo e fazendo propostas realmente interessantes que vão além das
minhas próprias proposições.
As pesquisas em relação ao trabalho
corporal assumem outro patamar no nosso percurso: deixamos de fazer um trabalho
dito mais técnico e entramos efetivamente no “artístico” do treinamento,
inclusive no que se refere às cenas. Todo o trabalho do grupo tem alternado
entre um e outro momento, mutuamente influenciados; entretanto, ainda que o
foco não esteja tão intensamente na pesquisa mais técnica, dois pontos precisam
ser ressaltados:
1 –
O trabalho vocal que estamos realizando mostra-se bastante eficiente no que se
refere às materialidades do Welinton;
2 –
A pesquisa corporal produz mudanças radicais na materialidade corporal e de
intervenção espaço-temporal no trabalho do Elton.
Agora, quando voltamos a olhar mais
para os trabalhos com cenas, pude perceber a diferença de registro do corpo do
Elton e a qualidade vocal que vem se construindo no trabalho do Welinton. Esses
dois pontos são significativos, já que estamos cada vez mais associando a
criação e o treinamento. A ponto de, em vários momentos, o treinamento ser a
própria criação.
Quanto à pesquisa estética que
estamos realizando com as materialidades, uma cena merece atenção especial: a
Tourada! São três combinações de materialidades, como se fossem três distintos
núcleos de cena, que, cada um, a partir de determinadas fricções, gera, em
relação ao todo, um envolvimento sensível que é difícil de descrever, mas
qualitativamente interessante e instigador enquanto pesquisa.
Não há nenhuma significação pensada
a priori: existe um canto, uma brincadeira com um tecido e uma carta sendo
escrita. Três ações que combinadas estabelecem uma tensão para a cena que
efetivamente não está em nenhuma das três ações ou dos quatro atores, tampouco
na luz ou na sonoplastia; está em tudo, entre tudo. Fiquei impressionado ao ver
essa cena no ensaio passado e tenho repensado todo o espetáculo a partir desse
trabalho com as materialidades, que já está no cerne da pesquisa, mas que ao
resultar tão positivamente e de certa forma tão palpável, me impulsiona a
revisitar o espetáculo com esse olhar a partir do próximo encontro. De alguma
forma tenho pensado, nesse sentido, o espetáculo como danças individuais em
fluxo contínuo que juntas produzem o espetáculo, porque se afetam mutuamente,
porque se friccionam, porque são pressionadas e pressionam, porque são capazes
de estabelecer as tensões de cada jogo de cena!
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ENCONTRO DO DIA 29 DE JULHO DE 2012
Jeziel
Santana - Ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Escolhemos
alguns caminhos para a nossa pesquisa em busca de um corpo que chamamos de
“atenso”; podemos citar as torções e a vertigem, entre outros. Para o Touro
Branco, a pesquisa tem se baseado bastante na fluidez dos movimentos “dançados”
sem esquecer os já aqui citados, que inclusive estão em cena, por isso o
Juliano tem se preocupado em fazer aquecimentos onde possamos pesquisar movimentos
possíveis para as cenas, através da dança. O aquecimento deste ensaio, depois
de uma breve parada, foi intenso e com resultados positivos. A abertura para um
momento em verbalizar as percepções dos colegas é um exercício e foi necessário
para autoconhecimento e aguçar a percepção de grupo.
Finalizar
a marcação de toda iluminação dá mais corpo, além de nos apropriarmos mais em
todos os aspectos do espetáculo; começa a chegar a sensação de que realmente
faltam apenas os detalhes para que seja visto por outras pessoas.
Fiquei
muito feliz em ver a evolução do Welinton nos exercícios vocais, saber que cada
um começa a superar as dificuldades individuais dando mais força ao trabalho
coletivo.
Diferente
do que havia falado em uma partilha anterior as imagens já têm presença garantida
em o Touro Branco. Uma cena em que há uma dança com o tecido (uma das minhas
preferidas) a energia que se instaura na cena chega a ser hipnotizante digo com
um olhar de dentro da cena, acredito que não é diferente para quem a assiste.
As
pesquisas ainda continuam. Será que a fluência e a precisão dos movimentos/espetáculo
virão por meio da prática?
Welinton
Machado - Ator do Eu-Outro Nucleo de Pesquisa Cênica
Antes
de começarmos a ensaiar o Touro, fizemos alguns aquecimentos com danças e
alongamentos. Acho esses exercícios de extrema importância, pois no decorrer
deles consigo encontrar movimentos que podem ser utilizados no espetáculo, sem
contar o prazer pessoal. A conversa que tivemos depois do exercício também foi
muito válida, é sempre bom ouvir a opinião do outro sobre o seu desempenho,
isso me fez pensar em algumas coisas.
Terminamos de marcar a luz do espetáculo, incrível como isso nos mostra outras possibilidades em cena, embora só tenhamos marcado a luz e não passado com ela ainda. E com isso, mais uma vez podemos ver o nosso jogo com o espaço, a luz, o som e o outro.
Terminamos de marcar a luz do espetáculo, incrível como isso nos mostra outras possibilidades em cena, embora só tenhamos marcado a luz e não passado com ela ainda. E com isso, mais uma vez podemos ver o nosso jogo com o espaço, a luz, o som e o outro.
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