A encenação teatral “Favores da Lua- o prólogo” está em cartaz na Oficina Grande Otelo de Sorocaba. No sábado, dia 02, Gai Sang, que é jornalista, dramaturgo e crítico, assistiu o espetáculo e escreveu uma crítica:
Espetáculo propõe relação entre pensamentos e emoções
Trabalho denso, profundo e cheio de energia. Assim pode ser definido o espetáculo teatral “Favores da Lua – O Prólogo”, do Eu – Outro Núcleo de Pesquisa Cênica, sediado em Tatuí (http://euoutronpc.blogspot.com/). Dirigido com ousadia por Juliano Casimiro, a montagem é livremente inspirada nas obras de Charles Baudelaire e Paul Gauguin. Abdicando do palco italiano tradicional, os atores circulam pelo espaço cênico de forma livre detonando impulsos físicos e do seu mundo interior.
O que se vê em cena é uma catarse coletiva do elenco na tentativa de estabelecer relação entre pensamentos e emoções, emoções e sensações físicas, sensações e impulsos dramáticos. A encenação é toda fragmentada, sem disposição cronológica, como um mergulho caótico buscando a visceralidade de cada personagem.
Durante toda a ação, o espectador é jogado no meio de uma quantidade enorme de informações imagética e gestual reproduzindo o caráter expressivo de cada intérprete.
“Favores da Lua – O Prólogo” não é uma peça de fácil leitura. Exige da plateia total concentração na ação dramática, pois ela ocorre simultaneamente em vários instantes. O vigor físico dos atores, por vezes, se mistura no espaço cênico ocasionando a cada momento tensão e sensações distintas.
O público se vê num labirinto tanto físico (espaço) quanto imaginário (interior) propiciando a ele uma reflexão profunda de cada signo das personagens em cena. O espetáculo desafia cada pessoa a superar o desequilíbrio subjetivo das cenas, lidando com uma gama precisa de conteúdos emotivos e afetivos para se atingir as camadas mais densas do nosso próprio cotidiano e realidade. Tudo é transbordante e lírico.
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