Cansaço, suor, dor, e por fim, realização. Esses são os adjetivos que Larissa Bassoi, atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica, disse, ou melhor escreveu, enquanto fazia a oficina 'Da energia a Ação' com Naomi Silman, do Lume Teatro, em Campinas.
A oficina que durou nove dias, de 15 a 23 de fevereiro, falava que a arte do ator se concentra em dois elementos essenciais: presença e ação. A presença diz respeito a algo íntimo, uma pulsação que transpassa e percorre toda a ação cênica.E através da materialidade da ação é possível que a energia íntima do ator, sua presença, chegue ao espectador.
Segundo Larissa, aquilo que presenciou/viveu em Campinas, foi algo semelhante ao trabalho do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica. Assim, a menina de olhos verdes não perdeu a oportunidade de transferir suas experiências para os atores do Núcleo. No sábado, dia 19, ela conduziu o aquecimento/exercícios, e apresentou a todos aquilo que fez com ela voltasse um tanto diferente de lá...
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| Atores do Eu Outro durante um exercício passado por Larissa |
Sem mais palavras, deixo agora o depoimento da atriz, que gentilmente me pediu que não alterasse nada, já que essa experiência foi tão pessoal.
“Penso pelo conjunto, e não mais por isolamento. Corpo.
Meu corpo, meu trabalho, minhas vontades, meus limites hoje pertence a um grupo do qual não consigo me dissociar. Fez-se notório quando em meio a exercícios por minutos quis parar e disse não. Não por que nesse minuto entendi o que é pertencer a um grupo; por um instante não mais meu corpo, e sim, nosso corpo.
O cansaço tomava conta, mas enquanto eu me jogava conclusões vinham à tona. “A forma como eu me mostro, representa a forma como nosso grupo é”. Dizia isso minha mente. Meu corpo é o corpo de nosso grupo, nosso grupo enfrenta seus obstáculos; assim eu me explodia por dentro, brigando com meus limites, e o raciocínio se esvaindo fazia meu corpo criar através desse cansaço.
Ali pude perceber essa importância, eu represento nosso grupo, através de ações, posturas, dedicação, atenção, realizações. Eu levava o nome do grupo, tinha o dever de passar uma boa imagem, a imagem que ele é.
Muitas associações durante a oficina; a relação do corpo, relação com o nosso trabalho, nossa peça, enquanto executava uma ação o trabalho realizado com o grupo vinha em mente, e a relação “eu-outro” se fazia entender mais. Poder trabalhar imagens, cenas, e alguns textos em outros contextos é algo valioso, um grande aprendizado.
Feliz fiquei com os ocorridos e os significados que obtive, desde as demonstrações técnicas vistas que me tiraram do eixo( uma das melhores sensações que tive enquanto atriz), desde a oficina feita que deixa uma saudade gostosa( “Saudade é nossa alma dizendo para onde ela quer voltar”. Dedablio), portanto quero voltar e poder conhecer mais, e assim poder experimentar o novo com meus parceiros de grupo.
Meu trabalho se resulta num trabalho conjunto, meu resultado é o nosso resultado.”
